O cacto permanecia sózinho no deserto, perguntando-se porque estava no meio daquela vastidão. Eu nada faço a não ser ficar aqui o dia inteiro, suspirou ele -Para que sirvo ? Sou a Planta mais feia do deserto, meus espinhos são finos e pontiagudos, minhas folhas são borrachudas e duras, minha casca é grossa e cheia de saliências.Não posso oferecer sombras nem frutos suculentos a nenhum viajante, não vejo em mim utilidade alguma. Tudo o que fazia era permanecer ao sol dia após dia, ficando cada vez mais alto e gordo,Seus espinhos ficaram maiores as suas folhas endureciam ainda mais e inchou aqui e ali ate ficar totalmente cheio de protuberâncias e disforme , era realmente estranho de vêr - Quiser eu pudesse fazer algo util- suspirou. Dia após dia os gaviões descreviam círculos acima dele. - O que posso fazer da minha vida? Gritou o cacto,se ouviram ou não os gaviões afastaram-se,á noite, a Lua pairava no Céu e deitava o seu brilho pálido sobre as areias do deserto- O que posso fazer de bom da minha vida? suplicou o cacto..A lua apenas olhava, friamente enquanto prosseguia em seu curso. Um lagarto passou rastejando ali por perto, nascendo uma pequena trilha com a cauda na areia.Que feito digno posso fazer? gritou o cacto.Você, riu-se o lagarto, parando por um momento, feito digno? Os gaviões voam em circulos lá em cima descrevendo formas delicadas para admirarmos, a lua mostra-se qual uma lanterna pendente no céu ´`a noite, e assim podemos ver o caminho para casa junto aos nossos entes queridos.Até eu, um infimo lagarto, tenho algo a fazer. Decoro as areias com lindas pinceladas quando arrasto a minha cauda por aí. Mas você ? Você nada faz a não ser ficar mais feio a cada dia que passa. E foi assim, ano após ano finalmente o cacto envelheceu, e sabia que o seu tempo ara curto - Oh Deus , lamentou-se,- tanto, tanto tentei.Perdoai-me se falhei ao tentar encontrar algo digno para fazer para fazer, temoque agora seja tarde de mais. Mas nesse momento o cacto sentiu um estranho rebuliço e algo se desdobrando, e exprimentou uma onda de prazer que suplantou todo o desespero. Em sua extremidade superior, qual subita coroa, uma flôr gloriosa repentinamente desabrochou. Nunca antes o deserto conhecera tal florescer, sua fragância perfumou o ar das redondezas e troxe felicidade a todos que passavam. As borboletas pousaram para admirar sua beleza, e naquela noite até a lua sorriu quando encontrou tamanho tesouro ao levantar-se. O cacto ouviu uma vóz. -Você esperou tanto disse o Senhor, - O coração que busca coisas boas reflecte minha glória, e sempre trará algo digno para o mundo, algo com o qual todos podemos nos regozijar mesmo que por breves instantes.
Extraido do Livro das virtudes II - O compasso moral de William J. Bennett.