Fascinam-me os contos para crianças, as histórias (porque estórias não se contam...) de magos, feiticeiras, princesas, sapos, anões, pinguins e madrastas más. Estou a reler o Feiticeiro de Oz.
Também gosto de literatura infantil, se bem que não tenha muita cá por casa... (my mistake, sorry).
Gostei muito de algumas coisas que li quando miúdo, se bem que o meu gosto fosse, não tanto literatura infantil mas mais infanto-juvenil, histórias que ainda hoje releio com muito prazer:
Sim, e o Huckleberry Finn (o Mark Twain é outro dos tais...), o Flecha Negra... por falar em negra, houve uma fase escura da minha adolescência em que lia a colecção boutique. Eram aventuras emocionantes escritas para meninas, com médicos e enfermeiras na selva, tias malucas, etc. Muito romântico. Ainda hoje espero vir a conhecer um médico de helicóptero, rico e bonito. Tiro logo o curso de enfermagem.
Por acaso, no meio disto havia um livro muito engraçado - recomendo - chamado "as primas da província". Não me lembro do nome do autor, mas as primas usavam chapéus verdes e punham as fotografias dos cónegos de castigo. A rapariga acabou por casar, acho eu.
A minha mãe não me levava ao cabeleireiro e nunca me deixou ler fotonovelas. Mas às vezes deixava-me ouvir o "simplesmente maria". Não me lembro de nada, mas imagino que deveria haver gémeos e ceguinhos e pobrezinhos e muito amor contrariado. E não deviam dizer palavrões.
O primeiro livro que li inteirinho, sozinha, foi a "Anita em Nova Iorque" (escrito assim). Fabuloso! Ela tinha uns chinelos de madeira com uma tira de couro vermelha e uma fivela... lindíssimo! Ainda hoje gosto dessas socas.
Mais tarde lia os cinco... e os sete (os sete não tinham tanta piada e bebiam demasiada limonada). E Gil Vicente à mistura.
Na minha infância cheguei a ler "O Gato das Botas", "O Barba Azul", "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá"... e ia aconpanhando algumas revistas que o meu tio guardava debaixo do colochão, vai-se lá saber porquê!?
Mais tarde comecei a ler os livros do "Triângulo Jota",... e começaram-me a tentar impingir livros como "O Nome da Rosa".... e entretantanto deixei de acompanhar as revistas do meu tio (até porque já começaram a ficar gastas) e comecei a compras as minhas...
Actualmente comecei a ler "O Código D'Avinchi", mas comecei a perder o interesse...
quote: Originally posted by: Senhor Anónimo Teixeira ""e ia aconpanhando algumas revistas que o meu tio guardava debaixo do colochão, vai-se lá saber porquê!?" A GINA!!! Literatura moderna... e a cores..."
Não sei se era essa, nunca reparei no nome da Revista, e acho que nunca cheguei a ler nada, também na altura, nem sei se já sabia ler!!!!!!!
Bom, retomando o assunto: na realidade a literatura infantil (embora prefira o termo "leitura infantil") tem, ou deveria ter, uma função importantíssima na formação do Indivíduo.
É nela que se encontram as primeiras "Regras Básicas de Funcionamento", geralmente de forma saudável, como o demonstram os títulos que aqui deixamos.
Valores como o companheirismo e camaradagem, cavalheirismo, altruísmo (tantos ismos), responsabilidade individual e colectiva, liberdade - essa ilustre incompreendida - etc., podem, devem e são geralmente os aspectos focados nesse tipo de leitura.
Para além disso, são estímulos à aprendizagem, ao conhecimento de novos mundos, ao pensamento como exercício fundamental da nossa existência.
Lamentavelmente, tudo cai por terra quando vemos o preço de um desses livros numa livraria qualquer, tudo cai por terra quendo, salvo honrosas excepções, nos deparamos com a total indiferença de pais e professores no que à matéria concerne.
E depois, há esta coisa da net... fácil, barata (bom, bom...), acessível, imediata... tem tudo para ser boa, tem tudo para ser má.
Daqui a falarmos em como seria bom que todos tivessem, pelo menos, o 12º ano de escolaridade é um passo e a conversa seria longa... isto porque a maioria dos pais actuais, possuidores de habilitações ao nível do ensino básico ou menos, consideram já uma coisa fantástica o facto de um filho estar já no 10º ano, a aprender coisas que ele nunca teve oportunidade de aprender... livros de "histórias da carochinha" são uma perda de tempo.
Não há vontade, não há dinheiro, não há formação dos pais e dos professores... mas os livros andam aí dispostos a serem lidos... felizmente.
Na minha infância cheguei a ler "O Gato das Botas", "O Barba Azul", "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá"
Deves ter tido uma infância mais recente do que a minha, que já não me lembrava destes... Havia a colecção formiguinha (uns livros pequeninos só com um conto) e a colecção pintarroxo (com vários contos); tinham uns desenhos que eu achaca fantásticos. Foi aí que eu li a maior parte dos contos de princesas e bruxas e coisas encantadas. Mais tarde percebi que alguns eram contos dos Grimm e outros do Andersen ou do La Fontaine. Nunca me lembrei de procurar revistas debaixo dos colchões dos meus tios, o que agora me parece lamentável.
Por acaso parece-me que a tendência actual é para recuperar a leitura infantil (porque é que preferes leitura a literatura?). Pelo menos por aqui (neste momento estou em Coimbra) surgiram ultimamente algumas iniciativas engraçadas, como as bibliotecas móveis e a presença de autores nas escolas. Na verdade, penso que não há boas desculpas para não ler: se em vez de comprares livros os requisitares numa biblioteca ou os trocares com outras pessoas acaba-se o argumento da carestia... além de sair mais barato, este tipo de leitura comporta ainda uma componente pedagógica importante - as crianças aprendem não só o gosto de ler como o de respeitar o livro (ou as coisas de todos, como eu digo aos meus filhos). Acho eu, claro.