Balcão sujo
Dedos brincam nas marcas circulares
Dos copos deixados vazios
Pensamentos em pequeníssimas garrafas de cristal
Tomam forma
Ardem por dentro e não deixam respirar
As palavras surgem desbotadas
A visão dança
Alegre companhia a minha
Neste local deslocado
Onde a vergonha é paga à saída
E a memória não existe
De copo em copo vejo a minha história ser apagada
Até restar somente eu
E as moscas que me bebem os restos
Lá fora a noite vai estar apagada
E os cães vão rosnar à minha passagem
Pelo caminho há-de haver alguma luz
Algum letreiro de néon que me guie
Bar adentro mar adentro
Num caminho sem recuo
Num caminho sempre igual
É o tilintar das moedas no balcão que me acorda
Deste estupor desvairado
Um amigo
Mais um copo
Enquanto não fecha…
CT