Vi o teu rosto lindo, Esse rosto sem par, Contemplei-o de longe mudo e quedo, Como quem volta de àspero degredo E vê ao ar subindo O fumo do seu lar.
Vi esse olhar tocante, De um fluido sem igual Suave como lâmpada sagrada, Bem- vindo como a luz da madrugada Que rompe ao navegante Depois do temporal.
Vi esse corpo de ave, Que parece que vai Levado como o Sol ou como a Lua Sem encontrar beleza igual á sua, Magestoso e suave, Que surpreende e atrai.
Atrai, e não me atevo A contemplá-lo bem, Porque espalha o teu rosto uma luz santa, Uma luz que me prende e me encanta Naquele santo enlevo De um filho em sua mãe.
Tremo, apenas pressinto A tua aparição E se me apróximasse mais, bastava, Pôr os olhos nos teus, ajoelhava Não é amor que eu sinto è uma adoração.
Que as asas providentes Do anjo tutelar Te abriguem sempre à sua sombra pura. A mim basta-me só esta ventura De ver que me consentes Olhar de longe.... olhar.
João de Deus
Dedico este poema ao C. Teixeira, pois achei lindo, a partilha de um momento , que chegando já tarde da noite em casa , a visita feita em silêncio dos seus entes adorados. Isso é adoração ,que fica dito nas palavras por dizer.